16 janeiro 2021

                                                 APONTAMENTOS 

NOVELENSES

             O propósito é lembrar alguns nomes de lugares, quintas, ruas, presas, caminhos e nomes esquecidos no tempo, que,  com a nova toponímia foi perdendo sentido nomeadamente nos mais novos.

                                    Hoje publico a letra 

F

                    FERNANDA RIBEIRO (Rua) – Atleta. Maria Fernanda Moreira Ribeiro, nasceu em Novelas, a 23 de Setembro de 1969, filha de Joaquim da Rocha Ribeiro e de Maria José Moreira Pedroso, no extinto lugar das Chaves, hoje rua Camilo Castelo Branco. Começou a praticar atletismo na Associação Recreativa Novelense. Mais tarde foi para a Kolossal (Penafiel) e Futebol Clube do Porto. Várias vezes campeã nos escalões jovens.

Em 1996 nos jogos de Atlanta, conquista o titulo Olímpico e a respectiva medalha de ouro nos 10000 metros. Várias medalhas nos campeonatos do Mundo e da Europa

        Rua – Com inicio no entroncamento das ruas do Cruzeiro e Central das Chaves, sobe até encontrar a rua Outeiro da Cruz, neste local existe um pequeno jardim onde se encontra um pequeno monumento, em homenagem à atleta.

Monumento a Fernanda Ribeiro – Foto do autor

 

Esta rua chegou a chamar-se Nova das Chaves.

Fernanda Ribeiro tem a sua moradia nesta rua, fazendo frente para a rua com o seu nome e a rua de Outeiro da Cruz. 

 

                        FERNANDO PESSOA (Rua) – Fernando António Nogueira Pessoa, nasceu a 13 de Junho de 1888 em Lisboa, poeta e escritor, faleceu a 30 de Novembro de 1935 em Lisboa[1].

            Rua – Começa na rua Central das Chaves, quase no seu termo quem sobe à esquerda, depois da rua do Ferreirim, atravessa a rua Padre Américo e segue até encontrar a rua do Monte.

 

                           FERREIRIM (Presa; Rua) – No lugar de Chaves, existe a presa do Ferreirim, tem água todo o ano, ainda rega o campo que lhe fica em frente.

A água desta mina percorre em tubo subterrâneo, até ao lugar do Cruzeiro onde abastece a casa com o mesmo nome.

            Presa - Água que deriva de uma formação subterrânea, da qual a água corre naturalmente para a superfície terrestre[2].

        Rua – É uma rua recente, começa na rua Central de Chaves, e, rua do Bocage, e termina junto aos blocos habitacionais Padre Américo.

 

                               FOLHA (Alminhas; Brasão; Capela; Lugar; Quinta) – Folha, do latim tardio folia, deduzido do plural de folium[3].

            Alminhas – No caminho, que vem de Bujanda, e vai para os Penedos, e, se encontra com o de Novelas para o da Senhora da Guia encontra-se as Alminhas da Folha, também è aqui a separação dos lugares de Arcozelo de Além e Aquém.

                Brasão – Por cima do portão principal da casa Folha, no caminho Novelas

 

Brasão dos Nobre da Veiga - Quinta da Folha

Foto do autor

 

Senhora da Guia, do lado direito, existe o único brasão na freguesia de Novelas.

Descrição Esquartelado de Veiga, Barbosa, Leal e Pinto. Elmo de grade, com paquife e timbre do segundo apelido. Escudo clássico.

VEIGA – Esquartelado: 1º. de mata com águia estendida de azul; 2º. e 3º. de vermelho com cruz de prata contornada de quatro flores de lis de oiro; 4º. de prata, com três flores-de-lis azul.

TIMBRE – A águia do escudo.

BARBOSA – De prata com uma banda de azul carregado de três crescentes de oiro, e ladeado de dois leões afrontados e trepantes de púrpura.

LEAL – De prata, com dois lebreus de negro, com línguas e unhas de vermelho, acompanhado de sete estrelas, do mesmo, de seis raios, postas em orla no chefe e nos flancos.

PINTO – De prata, com cinco crescentes de vermelho, postos em santor.

TIMBRE – Um leopardo de prata, armado de vermelho com crescente do mesmo na espádua.

Estas armas apresentam-se com uma grande incerteza na armação das estrelas no campo de Leaes e os Leões mal apresentados no campo de Barbosa[5].

                            Quinta – No caminho Novelas, Senhora da Guia, encontra-se do lado direito  uma casa com brasão, e capela, tudo abandonado.

Casa da Folha e Capela – Foto do Autor

 

                    Capela – De vocação a Nossa Senhora do Loreto, foi erecta a capela em 1725, no lugar de Arcozelo de Além, era seu proprietário e administrador Manuel Francisco Leal da Veiga[6].

                Lugar – Junto à casa da Quinta, designa-se por lugar da Folha.

 

                            FONSECA (Padre) – António Maria Domingues da Fonseca, tomou posse da freguesia de Novelas no dia 6 de Janeiro de 1934, deixou a freguesia em 1950[7], tendo ido paroquiar a freguesia de UL, concelho de Oliveira de Azeméis, segundo versão oral, foi sempre muito controverso, e nunca deixou o pobre sem uma palavra de carinho e esmola.

Durante a sua estadia em Novelas, destaca-se duas grandes obras, a Escola -Cantina América Cardeal Rocha Melo, e, a Igreja Paroquial de Novelas.

 

                            FONTAINHAS (Lugar; Rua) – De fontanina, como hipótese, documentado em 1101, designando fonte pequena, o mesmo que fontanela[8].

                Lugar – Situado no meio dos lugares Arcozelo Dalém, Aquém, Bujanda, Tojinho e Penedos. Foi extinto com a nova toponímia (ruas) Novelense.

            Rua – Começa junto da casa do Muro e termina no limite da freguesia com a de Penafiel, muito perto da capela da Senhora da Guia. Nesta rua situa-se as Alminhas da Folha[9].

 

                            FONTE VELHA (Fonte; Rua) – Lugar onde nasce água. Água nascente, que irrompe do solo[10].

Fonte – Nos terrenos da quinta do Covilhô, em frente da urbanização da (Fonte Velha), em plano inferior (fundo), encontra-se uma nascente, a que chamam de Fonte Velha.

Rua – Tem inicio na estrada nacional, junto da casa do Muro, segue o antigo caminho que seguia para Bustelo, termina junto da escola do Covilhô.

Nesta rua situa-se o Fontenário e Alminhas do Covilhô.

 

                            FONTENÁRIO[11] (Largo) – Fonte de água encanada caindo em recipiente imóvel[12], em Novelas existem vários fontenários.

Também existem dois fontenários de torneira, (só deita água quando a mesma se abre), um no lugar da Ponte, na rampa da Igreja junto ao nicho a “Coração de Maria”, e outro no lugar dos Penedos junto à casa do “Ministro”.

            Bujanda – Situado no lugar de Bujanda, continua a ter água todo o ano, foi construído no ano 1933. Muito limpo e asseado.

            Covilhô – Situado no lugar com o mesmo nome, recebe a água de uma mina existente nos montes da Carreira de Tiro, foi construído no ano 1965.

Já não corre água. Encontra-se quase abandonado.

Ponte – Situa-se junto ao rio Sousa, e ponte de Novelas tem água tudo ano, vindo a mesma de nascente por debaixo da Igreja, de construção no ano 1932. Foi mudado de local, ficando virado a nascente, com o arranjo do Moinho, e zona envolvente, junto a estas estruturas existe um pequeno parque de lazer.

                Igreja Velha[13] – Encontra-se junto ao Cemitério, é conhecido por “fontenário da Igreja Velha”, construído no ano 1932, faz parede meia com uma presa (particular).

Muito perto e do outro lado da caminho existiu a igreja paroquial de Novelas, ainda existe a casa do Padre, (propriedade privada). Encontra-se em estado de abandono, deita água só no Inverno.

              Largo – Situado em Bujanda e junto ao Fontenário, designa-se Largo do Fontenário.

 

                            FORNELOS (Lugar) – “O topónimo Fornelos é diminutivo de fornos, o mesmo que forninhos[14]”.

                Lugar – Situado junto a Santiago, entre os lugares de Carrazedo, Inguieiro e Monte.

Lugar extinto com a nova toponímia (ruas) Novelense. No seguimento da rua do Monte, Santiago deu o nome de Rua de Fornelos.

Nos anos sessenta do século passado, a minha família trabalhava um campo situado do lado esquerdo da rua do Monte com este nome, ficava perto do marco de divisória de freguesia. “Vamos ao campo a Fornelos, dizia…”.

Novelas Julho de 2008

Novelas, maio 2010

 

                                                   Joaquim Pinto Mendes, 

                                                   Novelas, 13 de janeiro se 2021

                                                   jornalagalga@gmail.com

 

[1] Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

[2] Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

[3] Temas Penafidelenses Volume II, pagina 42 de António Gomes de Sousa e Manuel Ferreira Coelho.

[4] Ver Alminhas pagina nº. ??

[5] A Heráldica da cidade de Penafiel. (Separata de folhetins de “O Penafidelense” – 1938) de Abílio Miranda.

[6] Temas Penafidelenses Volume III, pagina115 de António Gomes de Sousa e Manuel Ferreira Coelho.

[7] Temas Penafidelenses Volume III, pagina 136 de António Gomes de Sousa e Manuel Ferreira Coelho.

[8] Temas Penafidelenses Volume II, pagina 42 de António Gomes de Sousa e Manuel Ferreira Coelho.

[9] Ver Alminhas, página ??

[10] Dicionário Prático Ilustrado, Lello & Irmão-Editores.

[11] O mesmo que Fontanário.

[12] Grande Enciclopédia do Conhecimento, 7 Volume página 1086.

[13] Ver Igreja Velha, página ??

[14] Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre. (No concelho de Barcelos existe uma freguesia com este nome).

13 janeiro 2021

APONTAMENTOS 
NOVELENSES

             O propósito é lembrar alguns nomes de lugares, quintas, ruas, presas, caminhos e nomes esquecidos no tempo, que,  com a nova toponímia foi perdendo sentido nomeadamente nos mais novos.

                                    Hoje publico a letra 

E

                    EGAS MONIZ (Rua) – Mas quando, nos finais de 1128, os Condes Galegos, à frente da expedição punitiva ordenada pelo Rei de Leão, cercam Guimarães, Egas Moniz e Soeiro Mendes, para os convencer a retirar-se, prometem que seu amo prestará vassalagem...
A tal se nega, porém, D. Afonso. E Egas Moniz vai oferecer-se, com os seus, num rasgo de abnegação, para expiar o não cumprimento da promessa…[1]


             RuaTem o seu inicio na rua António Nobre, (antigo caminho que ligava a estação do Caminho de Ferro a Bustelo), e o seu términos junto á escola do Covilhô.
 

                            ELEVAÇÔES DE TERRENO Em Novelas e tomo como referencia os “Temas Penafidelenses[2]”, refere as seguintes elevações;

        Monte - com 192 metros;
        Novelascom 174 metros;
        Outeiro188 com metros;
        Outeiro das Velhas com 173 metros.

 

                ESPIGUEIROS Também chamado canastro ou caniço, é uma estrutura normalmente de pedra e madeira, com a função de secar o milho grosso através das fissuras laterais, e ao mesmo tempo impedir a destruição do mesmo por roedores através da elevação deste[3].


Espigueiro Beiral dos Penedos e Espigueiro e Beiral da Folha ambos com eira.
Fotos do Auto

            Em Novelas existem vários espigueiros, os que considero mais originais é o da Folha e Penedos.


                         ESTAÇÃO - (Lugar; Avenida) – Referente á estação do caminho de ferro do Douro.

                Lugar – Denomina-se lugar da estação ao local junto á estação do caminho-de-ferro.

            Avenida
– Começa junto às Cancelas e termino junto ao deposito de água de abastecimento da estação.

 

                        ESTAÇÃO DE PENAFIEL – Situada ao km 38,752 da linha do Douro, foi inaugurada no dia 29 de Julho de 1875.

 

Estação de Penafiel – Foto do autor

Estação de Penafiel (Novelas) -  Coleção do autor

 A partir do dia 16 de Fevereiro de 1913, serviu também de apoio á Companhia do Caminho de Ferro de Penafiel à Lixa e Entre-os-Rios com o nome (Penafiel-Estação)[4], os passageiros apenas tinham que atravessar o átrio da estação do caminho de ferro do Douro.

                          ENTRE-CAMPOS (Rua) – No meio de campos.

                 RuaComeça na rua da Ponte, à direita entre a casa do Correia e Romão, sobe para o interior, é de topo.

                         ENXURREIAS Ao lado do edifício da Junta de Freguesia, lado Santiago os campos ai existentes designa-se lugar das Enxurreiras. Foi extinto com a nova toponímia (ruas) Novelenses.


[1] História de Portugal das Origens até 1940, de João Amaral, página 57.

[2] De António Gomes de Sousa e Manuel Ferreira Coelho.

[3] Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

[4] O Caminho de Ferro de Penafiel à Lixa e Entre-os Rios, de José Fernando Coelho Ferreira, 3ª. Edição.


Novelas Julho de 2008

Novelas, maio 2010

 

                                                   Joaquim Pinto Mendes, 

                                                   Novelas, 13 de janeiro se 2021

                                                   jornalagalga@gmail.com

 



10 janeiro 2021

 

HISTÒRIA DE NOVELAS

Abílio Pinto Soares Miranda, nasceu a 24 de Dezembro de 1893, na cidade de Penafiel, e nesta cidade faleceu a 31 de Maio de 1962.

Foi fundador da revista “PENHA FIDELIS”, editada nos anos de 1927 a 1929, tendo sido publicados 14 números, esta revista é hoje considerada uma relíquia da escrita Penafidelense.

Escreveu muitos artigos no Jornal “O PENAFIDELENSE“, sobre a história de Penafiel e suas freguesias.

Pública neste jornal, nos dias 18 e 25 de Janeiro, 1, 8, e 15 de Fevereiro de 1938, a história da  

FREGUESIA DE NOVELAS 

HONRA DA FAMÍLIA DE SOUSA

Um distinto filho da freguesia de Novelas pede-me para escrever alguma coisa a respeito desta freguesia.

Eu acedo ao pedido, porque, além de pretender agradar ao meu amigo que m´o fez, aproveito a ocasião para publicar uma numerosa e interessante colecção de documentos, na sua maioria inéditos, e que eu julgo deverem passar à publicidade da letra de forma. Advirto que não respeito ortografias, excepto nos casos em que os textos ofereçam dúvidas de interpretação, pois isso me obrigaria a perder tempo, de que não posso dispor com sucessivas e aturadas revisões.

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No arquivo do mosteiro de Bostelo existiu um pergaminho - documento da união dos fruto, réditos e emolumentos das igrejas de S. Salvador de Novelas, S. Pedro de Croca (a) Santa Marta e S. Martinho de Milhundos (b) feito pelo bispo do Porto, D. Vicente, declarando que fossem estas freguesias governadas pelo capelão, ou capelães do mosteiro referido e que o mesmo pagasse os direitos que pagavam à Catedral. Era datada a bula (c) 4.º Idus Februarii da era 1334 (ano de Cristo de 1.296).

«Tab. da cidade do Porto Pedro de Salamanca, que pôs seu sinal publico. Selo pendente do Bispo em cera vermelha, de figura semi-oval, passado por cordoes vermelhos; representa o bispo no plano, lançando a benção, em vestes pontificas, com a direita, bago na esquerda, mitra na cabeça, metido dentro dum nicho; na orla deste plano se divisam as palavras Vincentii duma parte, e, da outra Portucallensis. É contraselado nas costas com um pequeno sinete, que representa a cabeça dum César com letras em volta mas já amortigadas. Pergaminho Latino».

Era, portanto, a freguesia de Novelas anexa ao couto de Bostelo.

Qual seria a razão?

Frei Meireles, na sua memoria II. - «Prelados perpétuos de Bostelo» (M. S.) referindo-se ao prelado Pedro, diz o seguinte:

«Um único documento nos conservou a sua memoria. É a doação da 3.ª parte da igreja de Novelas, feita por D. Guiomar de Mendo, filha do conde D. Mendo (chamado o Souzão) sob condição de o possuir em sua vida Pedro de Pedro, súbdito de Pedro, abade de Bostelo, pagando anualmente ao convento um sexteiro de trigo, e outro de vinho, e dez pexotas para fazerem por D. João de Pedro um aniversario perpetuo, no dia em que faleceu, e no caso que sobreviva aquêle prelado ao monge seu súbdito a disfrutará vitaliciamente dando ao convento aquela renda, e falecendo a doadora, ficará obrigado o mosteiro a outro aniversário por sua alma, no dia da sua morte. Declara aquéla senhora que os frutos da Igreja se gastem a metade no dia da morte de D. João, e a outra metade no dia de seu falecimento enquanto durar o mundo, e nesses dias cantem todos os monges missas pela alma de cada um. É datada no mês de Fevereiro da era mil duzentos e setenta e (um sinal parecido com um y) que me parece ser 1272, e não 1275, posto que a ultima letra numeral arremeda um V de figura caprichosa. Confirma a doação, o seu casamento com D. João Pires da Maia, segundo D. António Caetano no tomo XII, parte primeira da «Historia Genealógica» e o livro velho de linhagens posto que não dê a D. João o nome de marido em todo o texto dela, nem fale nas três filhas que lhe ficaram, Maria Anes, Elvira Anes, e Tereza Anes, mas bastariam, alem do sobredito, a constituir-nos numa quasi certeza as palavras pro remissione omnium pecatorum memorum et Domni Johanis, que indicam bem a conjugal afeição, visto não ter irmãos ou parentes com aquêle nome que a movessem a dar um testemunho tao publico do interessa da salvação de D. João, sem riscos da decência indispensável numa senhora».

Na Memória V, de Fr. Meireles referente às igrejas do padroado do Mosteiro de Bustelo (d) na parte que trata da freguesia de que me estou ocupando diz o seguinte:

«Doou uma terça do padroado desta paróquia D. Guiomar de Mendo filha do conde D. Mendo, o Souzão, viúva de D. João Pires da Maia. Expressa na doação que dispendam os monges a metade dos frutos daquela terça no dia em que fizerem o aniversário por D. João, e outra metade no dia do aniversário do seu falecimento por cujo trabalho deixou á mesa conventual a pitansa anual dum sesteiro de trigo, outro de vinho, 10 pescotas. Mas como dispenderam os monges os aquela renda? Não o declara, mas bem se entende que em esmolas por tensão dambos os consortes. Não aparece no arquivo a doação, ou doações, das duas terças restantes.

D. António de Azevêdo, comendatário de Bustelo, sem licença do convento apresentou em Amador Pinto, que obteve bulas para ser confirmado sem expor que era simples curato do Mosteiro, a igreja de Novelas. Fizeram os monges petição e manifestaram ao Papa o dolo, e injustiça deste procedimento. Julgaram-se nulas como obreptícias e subrepticias, por sentença de Francisco Pegna, auditor da rota, datada em Roma no ano de 1599 a 7 de Julho, indecção 12.ª ano 8.º do pontificado de Clemente 8.º depois de se expedirem para o reino Cartas inhibitórias para suspender-se a decisão da sua validade, ou nulidade, datadas em 10 de Julho de 1598; consta delas que o bispo do Pôrto D. Jerónimo de Menezes litigara com a nova Congregação pretendendo visitar o Mosteiro de Bustelo, e apresentar abades, ou priores no de Cucujains, motivos porque foi dado de suspeita na Cúria, onde residia como procurador da ordem o P.ª Fr. Mancio dos Martires. Em 5 de Março de 1600, 9.º ano do pontificado do mesmo Clemente 8.º expediu Garcia Milino, outro sim auditor da Rota carta executorial para ser expedido e despojado do beneficio, Amador Pinto, e tomar pósse dêle actual, e corporal o D. Abade e proceder a provimento da igreja em cura amovível ad nutum, restituindo-o ao antigo uso, e direito. De pouco valeram as forças morais para expelir o teimoso, e renitente vigário. Aplicaram-se-lhe as físicas, auxiliares da igreja, e por um acordam da Relação do Porto, de 26 de setembro foi expulso, enfim, e tomou posse o D. Abade Fr. António Barbosa em 4 de outubro de 1600. Em atenção a que o rio Souza engrossa a sua corrente repetidas vezes no mez de dezembro, é dispensado o cura e fregueses de Novelas de ouvir missa, e assistir aos ofícios Divinos do Natal, na matriz do Mosteiro. É obrigado, porém, assim como os das outras anexas, a concorrer a ela com suas ovelhas, nos dias de Pás coa, Espirito Santo, etc, não só pelas determinações antigas do ordinário, mas particularmente pelas sentenças, apontadas à margem.

Como por determinações da nova congregação de S. Bento foram unidos seus frutos à área dela, apenas encontro neste arquivo duas escrituras de arrendamento. Uma que teve principio em 1653, e acabou em 1656, pela qual se obrigou o rendeiro à solução anual de 128.500, além dos encargos velhos. Outra começou a ter vigor no S. João de 56 e finalizou em 1559, por força da qual pagava anualmente António de Souza 130.000 reis, e os encargos do costume. Assim como as outras anexas de Santa Marta, e S. Pedro de Croca, não paga sinodático. É sujeita ao vigário da matriz no que respeita à celebração de Festividades, escolha de oradores, e assistência pessoal aos Divinos Ofícios nos quais trazem os procuradores das anexas o rol paroquial para inquirir poe êle se estão presentes, ou não, neste caso tem direito de os condenar. No que respeita povoação, eis aqui os apontamentos dos escritores referidos, e o resultado do meu exame. Em 1623 tinha a freguesia de Novelas 173 pessoas de comunhão, e 41 menores; em 1706 tinha 86 visinhos, ou fogos; em 1789 montava a 363 almas e 115 fogos; em 1800 ao numero de 158 homens, e 182 mulheres, que formam o numero de 340 almas, com 120 fogos. Em quanto aos nascimentos, eis o que consta do livro competente:  Nasceram no ano de 1781, seis meninos e 11 meninas; no ano de 1786 viram aluz do mundo 5 varões e 3 femeas; no de 1791 seis machos e 7 femeas; em 1796 nasceram 11 meninas e 3 meninos. Finalmente em 1800 somente 3 varões e seis fêmeas.

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 O primeiro documento referente à anexação das freguesias foi confirmado mais tarde pelo bispo do Porto D. João, confirmação essa feita no próprio mosteiro de Bustelo por nele se encontrar o referido Bispo a oito do mês de Julho da era 1361 (ano 1323) e requerida por D. Domingos de Domingos “ Pergaminho. Latino. Selo pendente do  bispo em cera branca passado por cordão vermelho; figura semi oval representando o bispo em vestes pontificais lançando a bênção com a mão direita por baixo da qual se vê uma cruz (formada por 5 pontos). Bago seguro pela mão esquerda e mitra na cabeça. Na orla lê-se apenas a palavra Portucalensis, por estar o relevo muito rosado. Não tem contra-selo”.

Frei Meireles nas suas Memórias do Mosteiro de S. Miguel de Bostelo chama a êste D. Abade Domingos Domingues fazendo longas referencias ao seu governo.

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A freguesia de Novelas apesar de doirada de tradições de antiguidade histórica e de nobresa, éra, todavia, pobre, como se verifica por um contrato celebrado pelo D. Abade do Mosteiro de Bostelo e curas das igrejas anexas, a qual se obrigou a de S. Pedro de roca à fabrica e reparo das casas de residência por exceder a quantia de 50.000  reis a renda anual, e ser o mosteiro somente obrigado a concorrer para as obras da capela mór, e culto Divino. Por êste mesmo contrato foram desobrigados os curas de S. Salvador de Novelas, Santa Marta, de S. Martinho de Milhundos, da fabrica sobredita (do mesmo encargo) por não chegarem os seus benezes (rendimento da igreja) à quantia mencionada.

É datado este contrato de 11 de Junho de 1749.

Foi escrito pelo tabelião do público judicial e notas no concelho de Penafiel e seus coutos e na vila (e) de Arrifana.

A questão com o teimoso Amador Pinto deu que falar deixando grande rasto de documentações que não transcrevo por ser muito prolixa e sem interesse histórico especial. Numa petição feita ao Papa e da sentença do auditor acima referido é passada por Vilkelmo Dunoset, auditor da rota pontifícia em 11 de Junho, do ano de 1613, indicção 11.ª e 9.º ano do pontificado de Paulo V.

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 Em 1497, sendo comendatário de Bostelo, Pedro Gonçalves, em consequência do mandado de D. Diogo de Souza, bispo do Porto, foi feita a demarcação judicial dos limites da freguesia de Santa Marinha de Ludares com a do Salvador de Novelas, e outras. Em 17 de Junho foi esta demarcação feita pelos paroquos das referidas freguesias e o tombo das herdades pertencentes às referidas paróquias.

Este documento, em papel, tem a data escrita deste modo = mil IIII. LXXXX. VII =

Não sei se ainda hoje existe algum marco divisório desta demarcação.

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 O acórdão da Relação do Porto, concede ajuda de braço secular contra o vigário Amador Pinto. Pelo que se vê consistia nisto a ajuda das forças físicas auxiliares da igreja a que se refere Fr. Meireles.

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 Os fregueses da de Novelas eram obrigados a irem ouvir missa á igreja de Bostelo, nos dias de Páscoa, de N. Senhora de Agosto, e do Espírito santo e a ofertar pão, carne e vinho em consequência de uma condenação dada por sentença do provisor e vigário geral do Bispo do Porto D. Rodrigo Pinheiro.

É datada de 28 de Novembro de 1567.

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 Sentença do provisor e vigário geral do bispo do Porto D. Aires da Silva, na qual suspende o capelão (?) de visita, que mandara dizer missa na igreja de Novelas aos fregueses, sendo estes obrigados a ir ouvi-la ao Mosteiro nos dias expressos na sentença anterior.

É datada de 8 de Novembro de 1575.

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 Sentença a favor da igreja de Novelas e contra a de Vitarains, na qual julgara o juiz dos resíduos do bispo do Porto, D. Fr. António de Souza, que as casas de Manuel Camêlo, sitas nos limites de ambas as paróquias pertenciam à primeira.

É datada de 31 de julho de 1765. Ainda hoje há na freguesia de Bitarães uma família de apelido Camêlo.

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 Uma certidão do cura de Novelas em como pagara 500 reis de condenação o procurador da igreja, por não levar a tempo o rol para por ele preguntar o vigário do mosteiro na Páscoa de 1752.

O Ex.mo Snr. T.e Coronel A. Strecht de Vasconcelos no «Povo de Penafiel» de 4 de julho do ano findo diz:

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  «O apelido Sousa, do latim Sauce, salgueiro, não vem da terra de Penafiel, mas da vila do Sôza no termo de Aveiro, cujo senhorio constitue vinculo da família desde tempos imemoriais e ainda hoje é titulo honroso dos Sousas».

Eu devo esclarecer o seguinte:

Não tenho á mão elementos de consulta que me autorizem a dizer desde quando data no nosso paíz o vinculo de família, mas o que posso afirmar é que é relativamente moderno, poiss não se lê tal palavra em documentos mediavais.

Havia, sim, a avoenga que consistia em bens privilegiados de família e que não podiam ser alienados sem consentimento de toda a família ou sem consentimento da família a quem os mesmos diziam respeito e assim se verifica que nos contractos de alienação desses bens assinam os pais, filhos e irmãos.

Pelos documentos que publicarei no decorrer deste trabalho, parece-me que deixarei o assunto arrumado, e sem ninguém poder duvidar que, de facto, foi o rio que deu o nome á nobilíssima família Sousa, junto déle estabelecida.

É necessário notar que, no tempo de rigorosos patronímicos, as alcunhas eram muito usadas para se distinguirem entre si, os membros duma família numerosa: - O Souzão – O velho, ou o representante directo da família = Os de Souza – da família do Souza, etc.

Á medida que os de Souza iam partindo daqui, davam este nome às localidades onde se estabeleciam. Se Arrifana de Souza assim se chamava, não era devido a ser banhada pelo rio deste nome, com diz o sr. Padre Aguiar no seu relatório, editado pela Câmara Municipal; pois, como toda a gente sabe, o rio passa-lhe muito longe, mas porque aqui se estabeleceu um dos de Souza.

Desta alcunha de família, que depois passou a apelido, derivam toponímicos:

Chousas, Chausa, Suzela, Souzela, Souzão, etc.

A pesar de não haver no mosteiro de Bostelo documento algum, pelo qual se soubesse como adquiriu o referido mosteiro os dois terços restantes do padroado da igreja de S. Salvador de Novelas, posso afirmar, sem receio de desmentido, que lhe foram dados por membros da família Souza, pois esta nobílissima família era daqui, e, desde muito  remotos tempos, senhora destas terras, como se verá:

Na era 1409, (data por extenso) ano de Cristo de 1371, vendeu Martim Peres, por 64 libras, incluindo a revora, umas herdades, sitas em Vilar e no Campo, no julgado de Louzada e Honra de Novelas, a João Peres de Sequeiros.

Tabalião de Louzada, por El-Rei, Martim Martins – Pena de infracção, 100 maravedis velhos, etc.

Frei Meireles, num aditamento a uma das suas memórias, aqui já largamente citadas, referindo-se a este documento, diz o seguinte:

«Foi datada nesta era, (1409), a 30 de maio, uma carta de venda de várias herdades, sitas em Vilar, e no Campo, e diz o pergaminho que pertencia á Honra de Novelas; como não me lembro de encontrar em algum outro documento a Honra, de que falo, não quero perder êste conhecimento para justificar D. António Caetano de Souza, o qual aponta no tomo 12, parte primeira a pag. 227, a esta freguesia como honrada, e pertencente em outros séculos á ilustríssima casa dos Souzas ainda antes da existência da Monarquia; não posso informar em que tempo, que monarca a descontou, e devassou: o pergaminho foi escrito por Martim Martins, tabelião de Louzada, posto por El-Rei, circunstancia que não prova ser já então devassada, tendo visto algumas doações regias, nas quais é ressalvado aos tabeliães dos julgados, e concelhos, o exercer seus ofícios nos coutos e Honras encravados no território daqueles; no praso que fez o mosteiro em julho da era 1429, e nos posteriores a essa época, posto que de terras situadas na mesma freguesia, não é apontada já como Honra».

Posso concluir que a honra de Novelas foi devassada pelo rei, depois de completamente doado o seu padroado e benesses ao mosteiro de Bostelo, e do abandono da família Souza, que se deslocou duma terra, que principiava nessas épocas a tornar-se inhóspita para pessoas de tam elevada categoria.

Pelos documentos transcritos não pode haver a mais leve dúvida de que, primitivamente, esteve aqui estabelecida esta família e de que foi o rio, que aí passa, que deu o apelido á família.

Se eu tiver saúde, a seu tempo, este assunto esclarecer-se-á perante a grande documentação que possuo e que irei publicando em ocasião oportuna.

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 No cemitério de Novelas encontra-se um sarcófago de pedra, de cavidade antropomórfica, e que foi para aí levado do adro da igreja. Encontra-se outro, metido num muro de suporte do adro, estando a descoberto uma face. É impossível examiná-lo sem o desencravar; mas tanto um como o outro são mediavais.

A igreja nada tem de antigo, o que mostra que foi, pelo menos, completamente reconstituída.

Existe na partilha desta freguesia com a de Bostelo o logar das Chousas, que deve ser corrupção dos Souzas.

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 Foi cura nesta freguesia de Novelas o P.e João de Moreira Beça, autôr duma obra intitulada Arrifana do Souza Ilustrada (1766).

Segundo vários autores que se referem a esta obra, dizem-na cheia de erros e sem critica (Dr. António de Almeida – memórias da Academia – e Simão R. Ferreira); mas a verdade é que muito gostaria de a ver este trabalho; pois, se era ilustrado, daria uma ideia da topografia de Arrifana nessa época.

O bom do cura teve a pachorra de escrever e ilustrar vários volumes, mas nunca consegui ver nenhum, embora os tenha procurado em todo o pais!

Há anos li num trabalho respeitante à biblioteca do Porto uma referencia á obra citada, como se aí existisse; mas procurada em todos os catálogos, antigos e modernos, não foi encontrada.

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 A ridente freguesia de Novelas, actualmente, é uma das freguesias mais importantes do nosso concelho, pois basta estar aqui situada a estação do caminho de ferro de Penafiel, para ser uma terra de certa importância:

Confesso que, se o progresso da freguesia de Novelas me faz rejubilar a alma de penafidelense, não me interessa, porem, descrevê-lo, por não ser este o meu objectivo.

Deixo isso aos que viverem atrás de mim.

 NOTAS

 (a)     A freguesia de Croca, em épocas mediavais, chamava-se de S. Pedro de Adoufi.

(b)    Nos remotos documentos lê-se Molhudos, Melhudos ou Moludos.

(c)     Parece-me que a denominação de bula, neste caso, não será muito própria, mas é como se encontra no documento.

(d)    Nos tempos medievais tanto se escrevia Bustelo como Bostelo, mas por rasões já por mim largamente expostas em vários escritos, deve escrever-se Bostelo.

(e)     Frei Gil de S. Bento, num M. S. citado nas memorias da Academia, diz, que se encontravam no cartório do mosteiro de Bostelo, documentos que denominavam de vila Arrifana de Souza, antes desta povoação ser elevada a tal categoria. Parece-me não ser isto verdadeiro. Em velhos tempos chama-se burgo ou logar.

A denominação de vila em tempos medievos empregava-se, sobretudo, em casais e não em povoações.

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 Um amigo pergunta-me como se compreende uma data por dias andados ou por andar, dum mês. Respondo de muito bom grado a esta pregunta, pois tencionando referir-me aqui, largamente, a documentos medievais desejo que me compreendam.

Nos dias andados dum mês nunca era contado o dia em que se fazia o documento.

Por exemplo: estando eu a escrever estas notas no dia 12 de fevereiro, faço-o a 11 dias andados deste mês; se as escrevesse, porem, no dia 20, fá-lo-ia a 8 dias por andar do referido mês de fevereiro, pois faltariam 8 dias para este terminar.

 

Abílio Miranda

 

                    OBS: Optei por transcrever o texto no Português da época.

 

                                                                                                          Novelas Julho de 2008

                                                                                                             Novelas, maio 2010

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Joaquim pinto mendes