APONTAMENTOS NOVELENSES
Este foi elaborado ao longo de muitos anos, entendo estar atual.
O propósito é lembrar alguns nomes de lugares, quintas, ruas, presas, caminhos e nomes esquecidos no tempo, e, com a nova toponímia foi perdendo sentido nomeadamente nos mais novos.
CABO (Quinta) – “Do Latim capu, significando: fim, termo, ultimo, baliza[1]”.
Quinta – Situada no extinto lugar do Cruzeiro,
no caminho que vai para o cemitério, quem desce à direita no primeiro portão. Tem
outra entrada junto ao Moinho da Ponte, encontra-se vedada. Esta entrada encontra-se
arborizada com choupos, castanheiros, marmeleiros junto da margem do rio Sousa.
Os seus proprietários a pedido de interessados
emprestam esta parte para convívios familiares, festas e outros. Encontra-se
habitada e foi sujeita a uma grande reconstrução.
Existe em Novelas uma família conhecida por os
do Cabo, por em tempos idos, como
caseiros habitaram e trabalharem esta quinta.
CAMILO
CASTELO BRANCO
(Rua) – “Camilo Ferreira Botelho Castelo
Branco, Escritor e Romancista, nasceu em Lisboa em 16 de Março de 1825, filho
de Manuel Joaquim Botelho Castelo Branco e de Jacinta Rosa do Espírito Santo
Ferreira. Da extensa obra literária destaco; Amor de Perdição, Memórias do
Carcere, etc.
Faleceu
em Ceide, Vila Nova de Famalicão[2]”.
Rua – Com início na rua Central de Chaves, junto
ao entroncamento da rua do Ferreirim e Bocage. Sobe até encontrar a rua do
Monte.
Situa-se no extinto lugar de Chaves.
CAMINHO DE
FERRO –
“É um sistema de transporte
baseado em comboios correndo sobre carris previamente dispostos[3]”.
Novelas desde 29 de Julho de 1875, tem na sua freguesia a estação de “Penafiel”,
ao km 38,752 da linha do Douro.
Desde a chegada do primeiro comboio, é uma
freguesia em desenvolvimento. Por volta de 1912 Novelas, foi um centro
ferroviário importante a quando da fundação da Companhia do Caminho de Ferro de
Penafiel à Lixa e Entre-os-Rios[4], com
a localização das Oficinas para as reparações do material circulante, via e
outros serviços de apoio.
Oficinas em Novelas –
Colecção do autor
Foi pena uma dúzia de anos depois ter terminado. A primeira guerra mundial, e toda a crise por ela criada, principalmente o aumento do preço do carvão e o aumento do custo de vida ditaram o seu encerramento.
CAMPO (Lugar) – É uma
extensão de terra arável.
Lugar – No limite da freguesia com a de
Bitarães, entre os lugares de Enguieiro e Outeiro de Velhas.
Apontamento de uma sentença sobre este lugar
que pertence a Novelas:
Sentença
a favor da igreja de Novelas e contra a de “Vitarains”, na qual julgara o juiz
dos “resíduos” do bispo do Porto, D. Fr. António de Souza, que as casas de
Manuel Camêlo, sitas nos limites de ambas as paróquias pertenciam à primeira[5].
Outro documento em que se afirma: Rosa Moreira solteira tecedeira de trinta annos de idade do logar do Campo freg.ª de Novellas, …[6].
CANCELAS[7] (Lugar)
– A passagem de nível situada ao KM 38,614, da linha do Douro e a estrada
nacional nº. 106, é conhecida de “Cancelas”. Encontra-se neste momento com
meias barreiras, automática e com sinais sonoros, accionados pelo aproximar dos
comboios.
Lugar – Junto a estas é designado o “Lugar
das Cancelas”. Foi extinto com a nova toponímia aprovada na Assembleia de
Freguesia.
CARRAZEDO
(Lugar;
Estrada; Quinta; Rua) – Diz, “que recebe
o étimo de um arbusto florestal[8]”.
Lugar – No limite da freguesia com a de Santiago
de Subarrifana, com duas ou três casas.
Estrada – É conhecida por este
nome pelos Novelenses, começa junto á ponte de Novelas, estrada nacional 106, e
termina no limite com S. Tiago de Subarrifana. Foi dividida em duas ruas a da
Ponte[9] e
Carrazedo.
Quinta – Existe no lugar de Carrazedo uma quinta
com este nome.
Rua – Com a nova toponímia Novelense, esta rua
começa junta á cabine de transformação de energia eléctrica e termina no limite
da freguesia.
CARMO (Rua; Capela[10]) – Nossa
Senhora do Carmo, “é um título consagrado
a Nossa Senhora, também conhecida por Nossa Senhora do Monte Carmelo. Este
título apareceu por propósito de relembrar o convento construído em honra à
Virgem Maria, nos primeiros séculos do Cristianismo, no Monte Carmelo, na
Samaria[11]”.
“As
Carmelitas, Ordem de Nossa senhora do Carmo, entrou em Portugal em 1251[12]”.
Rua Nossa Senhora – Situada no extinto
lugar de Bujanda. Começa do lado esquerdo da estrada em frente ao Fontenário. É
estreita, curta e de topo, termina quando aparece o monte.
CARREIRA DO TIRO (Rua) – Local onde os militares e forças militarizadas davam tiro, também utilizada para treino militar, comprida e estreita, foi muito utilizada nos tempos da Guerra Colonial, tinha casa para o militar encarregado da sua guarda, quintal com bastante fruta. Todos os dias de manhã até à noite, se ouviam tiros[13]. Situada entre Novelas e Penafiel, pelo seu meio e atravessando-a ora para a esquerda e depois para a direita, um caminho que ligava estas duas localidades. Este caminho quando o Penafiel (Futebol) jogava em casa os Novelenses, utilizavam-no para chegar ao campo. Os adeptos das equipas visitantes, saídos na estação do comboio, também o utilizavam por ser o mais rápido. Com a construção da Auto Estrada (A4), e da zona Industrial, não foi garantido este bom acesso.
Rua – Tem inicio na estrada nacional 106, junto à
casa da Bela Vista, é das poucas em terra, passa junto aos limites da quinta da
Tulha e presa das Covas, segue até encontrar o Matadouro, já na zona
Industrial.
CERRADO[14] (Quinta;
Lugar; Rua) – De Cerrar. Terreno tapado e
morado; vedado[15].
Quinta – Situada no caminho que sai de frente
da Estação do Caminho de Ferro à esquerda, deu o nome ao lugar do Cerrado. A
casa da quinta anda em obras de beneficiação á muito tempo.
Carta enviada para a Casa do Serrado[16]
(Serrado)
Colecção do autor
Lugar – As casas junto à quinta do Cerrado em
tempos, utilizaram este nome. Mais tarde utilizaram Lugar Alto da Estação.
Rua – Começa junto à casa do Cerrado, quem sobe a
rua Alto da Estação, é a primeira à esquerda, termina junto à Escola do
Covilhô.
CHAVES (Casa;
Lugar; Travessa; Rua) – “O termo comum
chaves que nos vem do acusativo latino clavem, cujo plural é claves. O latim
clave significa lugar que fecha um território e pode ser ponto estratégico para
inimigos, ou seja, um lugar chave[17]”.
(Chave,
instrumento metálico que serve para abrir e fechar uma fechadura. Chaves o
plural de chave, sabendo-se que as casas das chaves, tinha muitas portas e com
certeza fechaduras e chaves, poderá este topónimo “Chaves”, vir deste[18]).
Casa das – Onde começa a rua Fernanda Ribeiro,
ainda existe parte da Casa das Chaves.
Casa das Chaves – Foto do autor
Tinha quinteiro[19] e casas dos dois lados, era vedada por um portão em madeira, viviam aí pelo menos três famílias, à direita era a oficina de sapateiro do Sr. Virgílio do Vale, (homem do coelho de dois papos). A rua Fernanda Ribeiro, ocupou o espaço do quinteiro, tendo se deitado abaixo as casas do lado direito, dando lugar a uma casa rés-do-chão, em tempo funcionou uma fábrica de confecção e armazém de ferramentas, encontra-se abandonada.
Lugar das – Por de trás da igreja, para o lado
esquerdo todas as casas pertenciam a este lugar. Fica entre os lugares do
Cruzeiro, Monte, Outeiro da Cruz e Outeiro de Velhas.
As ruas Santa Teresa, Central das Chaves,
Fernanda Ribeiro, Ferreirim e Bocage, fazem parte deste lugar.
Foi extinto com a nova toponímia Novelense.
Travessa das – Começa junto à casa
do Serafim Ferreira, é estreita e de topo. No término tem um caminho
particular, que vai dar à rua Camilo Castelo Branco.
Rua Central – Começa junto da
escola, segue em direcção do lugar das Chaves, no cruzamento rua do Cruzeiro e
Fernanda Ribeiro, segue pela esquerda pelo centro do lugar, termina ao
encontrar a rua do Monte, e Bairro Habitacional.
CODESSO (Ponte) – Arbusto pequeno, da família das Leguminosas[20], produz flores amarelas.
Ponte – A meio caminho Cemitério e as
primeiras casas do lugar da Ranha, à direita pelo meio dos campos abandonados,
descesse até ao rio e ponte do Codesso. Era utilizada pelos lavradores para
atravessarem o rio para amanhar as terras que possuíam da outra margem.
Em tempos os rapazes iam a banhos à ponte do Codesso, junto a esta existia uma nora, coberta por videiras americanas, que refrescavam as boas tardes de verão.
COMPANHIA
(Lugar;
Rua) – “É de salientar a existência nesta
parte da freguesia das oficinas da Companhia dos Caminhos de Ferro Penafiel à
Lixa e Entre-os Rios, é de crer que o nome de Companhia venha deste facto[21]”.
(Com a extinção das oficinas o terreno foi
ocupado algum tempo e utilizado como campo de futebol[22]).
Lugar – Situado junto a linha do Douro do
lado direito, é atravessado pelo caminho que liga, Novelas a Bustelo, o lugar
foi extinto com a aprovação da nova toponímia na Assembleia de Freguesia.
Rua – Começa junto ao depósito de água[23], de
frente do antigo parque de jogos, termina no limite da freguesia já no meio dos
campos de cultivo.
CONFRARIAS
(Menino
Deus; Senhora do Rozário; Subsino) – Irmandade de devotos de algum santo[24].
No catálogo do Arquivo Municipal de Penafiel[25], existe
a lista completa das Confrarias do concelho de Penafiel, referente a 18 de Maio
de 1864. Quanto á freguesia de Novelas constam três.
Nenhuma tem Estatutos legais, nem data da sua
instituição.
Nas Memorias Paroquiais de 1758, o pároco da
freguesia de Novellas, diz e não tem
Irmandades[26].
Menino Deus – Diz que o (pessoal
da associação, é em numero ilimitado),
e que tem (receita extraordinária 3200, e de despeza obrigatória 4920).
No ponto 8 do relatório, pergunta.
(A que tribunal tem
prestado contas? – Nenhum.
Quaes são as ultimas approvadas? – Nada.
Quaes as submettidas á approvação competente? – Nenhumas).
Senhora do Rozário – Diz (quem exerce a administração? Um Juiz, um Procurador, um Escriturario e dous Mordomos).
Relatório referente à
Confraria da Senhora do Rozario
Subsino – Diz (quem exerce a administração? - é um Juiz, um Procurador e dous Mordomos).
(Qual é o pessoal da associação? – Numero ilimitado, todos as pessoas da
Paroquia.)
Quanto em mobília, alfaias, paramentos, jóias,
etc.? – uma cruz em latão e duas
lanternas, e …. tudo no valor 1.800.
COVAS (Quinta) – “Abertura na terra. Escavação. Toca[27]”. “Não esquecemos que as primeiras habitações dos homens foram as covas ou cavernas[28]”.
Quinta – Nos limites da freguesia com a de
Santa Marinha de Lodares, depois de passar pelo lugar da Ranha, uma casa só no
meio de campos. Encontra-se abandonada desde finais dos anos 70 do século
passado.
CRUZEIRO (Cruzeiro; Lugar; Quinta; Rua) – “Que tem cruz. Grande cruz erguida nos adros de algumas igrejas, cemitérios e praças, etc.[29]. Padrão em forma de cruz, levantado ao ar livre[30]”.
Cruzeiro de Novelas – Foto do autor
“Cruz
grande de pedra que se alvora, ao ar livre, nos adros de algumas igrejas,
encruzilhadas, etc.[31]”.
É construído em granito e muito simples, sem
qualquer trabalho digno de realce.
Cruzeiro de Novelas - Situado junto da
estrada nacional, no caminho que vai dar ao cemitério, e, para o outro lado o
caminho dos Palheiros.
Não foge à regra, a sua localização, no centro
de cruzamentos de caminhos (encruzilhada), caminho do Cemitério com o dos
Palheiros e a estrada Nacional.
Lugar – Situado junto à estrada nacional 106,
no caminho que dá para o cemitério e lugar das Chaves. Foi extinto com a nova
toponímia (ruas) Novelenses.
Quinta – Fica em frente do cruzeiro e é
pertença da família Mendes.
Rua – Começa junto ao Cruzeiro e termina no lugar de Chaves, ocupou na sua totalidade o chamado caminho dos Palheiros[32].
Novelas Julho de 2008
Novelas, maio 2010
jornalagalga@gmail.com
[1] Temas Penafidelenses
Volume I, pagina 62 de António Gomes de Sousa e Manuel Ferreira Coelho.
[2] Http://www.citi.pt/
[3] Origem: Wikipédia, a
enciclopédia livre.
[4] Ler “ O Caminho de Ferro
de Penafiel à Lixa e Entre-os-Rios de José Fernando Coelho Ferreira, 3ª.
Edição”.
[5] A Freguesia de Novelas
(Honra da família de Sousa) de Abílio Miranda – Separata de folhetins de “O
Penafidelense” 1938
[6] Livro dos Expostos
localização B – 71, Arquivo Municipal de Penafiel.
[7]
Extintas com a duplicação e electrificação da linha do Douro, substituída por
passagem inferior a poucos metros.
[8] Temas
Penafidelenses Volume I, pagina 68 de António Gomes de Sousa e Manuel Ferreira
Coelho.
[9] Ver
Ponte (Rua), página ?????
[10] Ver Tulha (Capela) página
??.
[11] Origem:
Wikipédia, a enciclopédia livre.
[12] Grande Enciclopédia do
Conhecimento, 3 volume página 508.
[13] No
tempo da Guerra Colonial, vinham militares do quartel de Penafiel e outros dar
tiro. Era frequente em Novelas andarem militares em instrução.
[14] Por vezes escrevia-se
Serrado.
[15] Temas Penafidelenses
Volume I, página 100 de António Gomes de Sousa e Manuel Ferreira Coelho.
[16] Deve se escrever Cerrado
e não Serrado.
[17]Temas Penafidelenses
Volume I, página 89 de António Gomes de Sousa e Manuel Ferreira Coelho.
[18] Descrição do autor.
[19] “Pequeno quintal murado”, Grande Enciclopédia do Conhecimento,
volume 13 página 2228.
[20] Temas Penafidelenses
Volume I, página 90 de António Gomes de Sousa e Manuel Ferreira Coelho.
[21]Descrição do autor.
[22] Versão oral de vários
Novelenses.
[23] Demolido a quando da
Duplicação da Linha do Douro.
[25] Livro ???
[26] Temas Penafidelenses
Volume III, página 128 de António Gomes de Sousa e Manuel Ferreira Coelho.
[27] Dicionário Prático
Ilustrado, Lello & Irmão-Editores, página 305.
[28] Temas Penafidelenses
Volume I, página 96 de António Gomes de Sousa e Manuel Ferreira Coelho.
[29] Dicionário Prático
Ilustrado, Lello & Irmão-Editores.
[30] Grande Enciclopédia do
Conhecimento, 5 volume página 718.
[31] Temas Penafidelenses
Volume I, página 100 de António Gomes de Sousa e Manuel Ferreira Coelho.
[32] Ver “Caminho dos
Palheiros”, página ???.