A Assistência e Beneficência
Concelho de Penafiel
Ano de 1959
Relatório da Comissão Municipal de Assistência
No meio de tantos documentos e papel velho, numa
pequena arrumação que fui obrigado a fazer, por causa de uma inundação causada
por uma telha partida, encontrei um pequeno livrinho intitulado “A
Assistência e Beneficência no Concelho de Penafiel ano de 1959 – Relatório da
Comissão Municipal de Assistência”. Não sei como foi adquirido mas
penso ser uma daquelas compras a quilo de papel velho na feira de Vandoma nas
Fontainhas no Porto.
É um documento muito
interessante para o estudo da pobreza na cidade e concelho de Penafiel, não é
um assunto novo dos nossos dias, mas sim um flagelo que nos tem acompanhado ao
longo dos anos. Um dos parágrafos que mais me chamou a atenção é o que se segue
que transcrevo tal e qual - “Dos nossos registos constam cerca de 500
nomes daqueles que, por qualquer forma, permanente ou eventualmente, são
socorridos por esta Comissão e, nesse número, não estão incluídos os cônjuges e
filhos, e dizem respeito apenas aos domiciliados na cidade, não estando
incluídos os das freguesias que também nos procuram”.
Imagino quantos pobres hoje
existem no concelho de Penafiel, se naquele tempo penso existirem 37
freguesias, se em cada uma 100 pobres seriam ao todo o tamanho de 3700, mais os
500 contabilizados na cidade dava a bonita soma de 4200, numero muito grande
para nos sentirmos bem, e, sabemos que em Novelas foram servidas 620 refeições
a pobres durante o ano de 1959.
Hoje, quanta vez será
necessário multiplicar o número de 4200, para termos a certeza que não fica
ninguém sem as refeições diárias, e mandar os filhos para a escola com o que se
arranjou na dispensa vazia.
As receitas no ano de 1958, foram
como a seguir se descreve;
a) – Quotização de
particulares por subscrição mensal 23.306$50
b) – Subsídios
eventuais de particulares
4.707$90c) – Subsidio da Camara Municipal 30.000$00
d) – Subsidio da Junta de Província 24.000$00
e) – Subsidio do Fundo do Socorro Social 20.000$00
f) – Subsidio do Governo Civil do Porto 10.376$00
g) – Subsídios do Instituto de Assistência á Família 5.590$00
h) – Juros de depósitos na Caixa Económica 266$10
(Existiam vários
organismos para o mesmo fim).
Alínea a) – Entende-se
o trabalho mensal de cobrança do chamado porta à porta, realizado por
zeladoras(es), um trabalho voluntario que hoje anda muito arredado de nós.
As Despesas foram as seguintes:
- Com Menores
16.533$10– Sopa, géneros e agasalhos 35.692$50
– Comissões Paroquiais de Assistência 4.910$00
– Medicamentos (para adultos) 10.558$70
– Cantinas Escolares 8.000$00
– Subsídios diversos………………………………………………………………….…………... 40.443$50
– Subsídios a inválidos……………………………………………………………………….…….. 5.590$00
– Expediente e diversas despesas ……………………………………………………….…. 1.210$50
Não foram subsidiadas as
Cantinas Escolares de Bostelo, Eja, Novelas, Paço de Sousa e Rio Mau
por terem vida desafogada mercê da generosidade dos seus beneméritos que
concorrerampara a sua criação; a de Milhundos foi beneficiada através do Centro de Assistência Social existente nessa freguesia. Curiosa a justificação “terem a vida desafogada”. No concelho de Penafiel existiam 16 e brevemente serão 18 Cantinas, fazendo-se referencia que no distrito existiam 325.
O Relatório faz também
referencia as comissões das freguesias Abragão, Boelhe, Bostelo, Croca, Eja,
Galegos, Milhundos, Novelas, Paço de Sousa, Penafiel, Recezinhos (S. Martinho),
Rio de Moinhos, Sebolido (Rio Mau) que mandaram os respectivos relatórios das
suas atividades.
Escolhi o Relatório da Cantina de Novelas
A sua receita foi
de ………………………………………………………. 14.510$20Despesa …………………………………………………………….............. 7.532$60
Saldo ……………………….……………………………………………………. 6.977$70
Á queles foi servido, diariamente, o pequeno-almoço e a refeição do meio-dia (sopa e um prato) e aos segundos, sopa e pão ao meio dia.
As refeições distribuídas foram em número de 7210 sendo 6558 às crianças e 632 aos pobres.
1º. - Santa Casa da Misericórdia, esta instituição tinha a seu cargo o Hospital;
o Dispensário Antituberculoso; o Asilo de Velhos; o Asilo António José Leal e o
Internato Margarida A. Magalhães.
2º. – Obra da Rua3º. – Patronato da Sagrada Família.
4º. – Conferência de S. Vicente de Paulo. Esta instituição tinha em actividade a secção Masculina e a Feminina, e ainda realizou no dia 17 de Dezembro o “Cortejo do Farrapeiro” e diz o mesmo relatório que, “só em metal sonante e boas notas do Banco, se contaram para cima de 3 mil escudos”, é muito diversificado a lista de material angariado neste Cortejo.
5º. – Bombeiros Voluntários.
Nas Notas finais o mesmo Relatório afirma que, “o Natal dos pobres, nesta cidade de Penafiel, pois supomos poder afirmar que, em muito poucas terras, os pobres terão sido tão mimoseados, por ocasião do Natal como o foram os que aqui residem.
O mesmo Relatório, tem o nome dos “Ex. mos Subscritores permanentes e das importâncias que dos mesmos foram recebidas pela Comissão Municipal de Assistência”, e são muitos.
Ao escrever lembro-me de nesta época, e fruto da maldita crise, temos em dobro os pobres a necessitar de ajuda, recorrendo a instituições para receberem algo para que os seus estômagos e dos filhos fiquem mais aconchegados.
O documento em causa é o “Relatório da Comissão Municipal de
Assistência, referente ao ano de 1959”.
Um abraço
aGalgaNovelense/jpintomendes
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